Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2016

Amor putrefato

Quando percebemos que não significamos mais. É duro aceitar que o afeto não foi suficiente, que a vida encarregou-se de confundir. Meu corpo não mais será tocado. Todo prazer deve ser dele apartado. Já não há esperanças para plantar em meu jardim. Em meu quarto há uma perene escuridão, e nela me afogarei. Não, Tchay! Não há mais motivos para ouvir tuas concertos! Não enxergo o amor que me apresentasse um dia! Hoje só há essa dor que assola meu peito. As emoções me agarrou por trás, prendeu-me o fôlego e fugiu. Percorri um árduo caminho. Chorei duras lágrimas. Senti falta dos sorrisos sinceros. Da esperança que havia em teus olhos. Ansiava por um beijo, mas nem carinho recebi. Acusou-me de coisas terríveis, que nem se quer pensei. Se apaixonar por uma luz ofuscada pela dor, não é fácil. Os vermes secam só de alcançar o aroma putrefato desse sentimento. Nefasto sorriso deu-me. Horrendo e fracassado desejo, roubaste o viço desta jovem que chora estas palavras. Chamou-me.

Sobre o medo

Disseram-me que o medo nos protege. Descobri, recentemente, o equívoco dessa afirmativa. O medo não é uma espécie de proteção. Como pode algo que nos anula nos proteger? O medo nos expõe, muitas vezes ao ridículo. Ao mais vergonhoso traço de nossa personalidade. Nunca vi alguém que vive com medo estar livre da humilhação resultante de seus atos. Nunca senti verdade no olhar de quem tem medo. Quem tem medo se esconde, pelo risco da vulnerabilidade. Não insistam em me dizer que o medo nos faz bem. Não falo daquele medo de percorrer - sozinha - estradas desconhecidas. Falo desse medo de falar sobre os nossos sentimentos. Falar do que sentimos, de fato. É muito difícil, é muito cruel. Quem quer dizer que transa por desejo, quando só transa por amor? Nossos jovens são cruéis. Mataria a alma daquele que assume tal narrativa. Então, não venham me dizer para não ter medo! Eu tenho medo! Sou medrosa mesmo! Tenho medo de encarar o amor, me camuflo numa postura confusa que não

Num bosque sem luz

Não se trata de uma confissão. Mas eu só queria um sorriso sincero neste dia. Eu precisava olhar aqueles olhos. Ansiava saber dos desejos dele. Como posso ser tão tola? Acreditar em um maldito qualquer. Esperar que as pessoas vejam além de uma sombra fabricada. Deveria não doer nada, mas aquela horrenda atitude me tirou dos eixos. Eu olhei pra você, seu maldito. Sua atitude foi vil, estúpida, covarde... Em uma floresta encantada, solitários, você quis meus olhos. Ao andar num bosque repleto de duendes, você recusou meu riso. Oh, pobre coitado... Forasteiro e malfadado amor, és mais que um belo sorriso... És o cheiro da putrefação dos t eus desejos.

II

Eu estava distante. Vi o futuro numa borra de café. Que diferença faz? O duende está, mas é como se não estivesse. E como se a bruta flor fosse velada pela sobriedade do olhar. Arranca! Tire de ti o pudor. Lança-te no fati . Essa embriaguez não é para ti, nua. Duende perverso, saia pela janela que abri. Foge! Revela a todos a vulnerabilidade. Eu fujo do medo de vê-lo indo. Não me obrigue. Permita-me um último toque. Adeus, disse. Meu maldito e miserável coração profanou. Ele se fez presente na eminência da tua ausência. Nada impediu, largado pela frustração. Abriu a porta. Entrou. Fechando-a... Sorriu contente. Nem saudade sentiu.

Narrativa ofertada à mim.

Ele é muito diferente de mim, mas, não demorou muito para eu perceber que isso não era negativo. Abrigar nossas diferenças políticas e filosóficas no "mar do esquecimento" foi uma atitude sábia, e isso só se tornou possível no desenrolar do nosso dia-a-dia. "A verdade é o todo." "Você é uma pessoa que tem um gênio muito forte. No início achei que nossa amizade dificilmente iria dar certo, por esse motivo, mas o respeito que construímos um pelo outro fez com que nossas diferenças ao invés de nos afastar nos aproximar. Esse ano você foi responsável por muitas coisas boas na minha vida, e "aquela história" foi uma delas. Espero que consigas alcançar tudo o que almejas, pois você tem um potencial incrível pra se realizar, mesmo que não acredites. Beijos"

I

Quê procuras? Minha voz. Outrora aguda se expandia dentro de mim e agora se esconde em tua presença. Diante de nós, nestes momentos impertinentes, minha voz fica latente na caverna, ecoa de maneira solitária. Quê é vida consentida? Silêncio. Minha voz não existe. Aprendi que o silêncio é meu melhor. Você "enxerga" todo barulho capaz de deixar meu corpo mudo. Mas, ignoras e adentra um terreno que não foste permitido. Por que não entrar? O incômodo é inconsciente, não sei por qual janela sair. Sempre entrego minhas viagens aos elfos, mas eles parecem não querer. E tu chegas, como um duende do mal e entra sem ser convidado. Será algo mau resolvido em vidas passadas? Não sei. Eu tenho medo de você em alguns momentos. Parece que você me conhece como um artista conhece sua arte. Você me tem nas entrelinhas de suas mãos, porém, não sabe o que fazer. Me diz o que pensas? Não. Você não vai gostar de saber. Eu me calo. Eu aceito. Mas não consenti que &qu

De volta pra casa

Vai que seja impaciência.  Tenho andado tão "vazia". As coisas estão sem sentido algum.  O sorriso não alegra meu peito.  Meus livros não me interessam tanto.   Meus discos estão viciados em outra de mim, que não é essa desconhecida.  Um abraço não desperta sentimentos.  Minha motocicleta não funciona.  Minha lua está decadente. Não há nenhuma dúvida para sanar.   Não há problemas para resolver.  Só vazio.  Há uma tranquilidade inquietante.  Não há desespero para abrandar. Eu disse a tu que iria caminhar e nem fui.   Não quero refletir. Não quero ser feliz, é tão antinatural.  Minha existência só se efetiva na melancolia.  Meus pensamentos só repousam na escrita. Eu falei sobre tu para mim, não reconheci nada. Tu parece não representar nada mais.  Aline, tu parece o não ser de mim.  Saia pela porta central, terá alguém a tua espera.  Regressa ao teu paraíso.

Hoje a festa não saiu

Hoje não teve festa. Não houve grandes acontecimentos.  Ele não agradeceu o sorriso.  Ele não devolveu o olhar.  Soube logo que ela havia lembrado, mas ele esqueceu de falar. Houve um tempo em que eles se entendiam, um olhar bastava.  Mas, como sabemos, ele esqueceu  de olhar. A solidão sempre foi sua companhia, mas ela sempre oferecia luz para ele "animar-se". Porém,  ela ficou confusa.  O desejo não conseguia voltar.  Outros olhares chegavam até ela, mas só o dele ela queria encontrar.

Sem afeto e com medo

É muito amor em uma "caixa" tão solitária.  Já não basta o desespero do querer, há de ter a solidão pra assolar o peito.  Disseram-me que nesta "região" mora uma vida, que não pode ser nutrida. Mesmo a ambrosia não apartará dela o fim. Amolece. Acelera.  Adormece.  Morre.  Não a história de minha vida, mas a vida do coração. Cheio de histórias de amores profanos.  Repleto do cheiro amargo do desamor.  Nenhuma escuridão será precisamente cruel, se a vida já se foi.  Tem pessoas que se vão sem morrer.  Essas porque nunca habitaram qualquer coração.  Não se expressaram, suficientemente, para outro coração reconhecer.

Ao entrar no paraíso

Eu voltaria atrás.  Eu diria sim novamente.  Não buscaria respostas, pois o toque e o sorriso, eram suficientes.  Eu jamais abriria a porta se não tivesse enxergado verdade.  Eu tomaria todas as dores novamente. Mostraria o mundo outra vez, se as promessas fossem verdadeiras.  Eu reconstruiria outro reino, se os sentimentos fossem reais.  Eu não duvidaria, se a honestidade fosse primordial em tua vida. Eu daria um passo atrás, se não fosse o gosto fálico do presente.  Eu pediria tua mão, se ela não estivesse em outros corpos.  Eu te pediria perdão, se enxergasse um erro inexistente.  Buscaria todas as Lótus, se percebesse dignidade.  Eu morreria "pobre", se tua riqueza não fosse tão superficial. Acenderam.  Alimentaram.  Enfraqueceram.  Apagaram.  E nós?  Permitimos.